11 fevereiro 2017 às 00h15

Uma Fórmula 1 dividida entre jovens e antigos campeões

Há cada vez menos espaço para veteranos na F1. Quatro dos seis mais velhos da lista para 2017 são ex-campeões. É tempo de os mais jovens ganharem o seu lugar

João Ruela

A 68.ª edição do Mundial de Fórmula 1 arranca a 26 de março, na Austrália, e com ela a competição que apresentará a média de idades mais baixa de toda a história do Grande Circo. No arranque da era pós-Ecclestone, a média etária dos pilotos para 2017 baixou para os 26,5 anos, com uma clara tendência: só quem tem títulos no palmarés ganha o direito de chegar a veterano no circuito mundial.

Quatro dos seis pilotos mais velhos na grelha deste ano sagraram-se campeões. O mais velho é Kimi Räikkönen, que aos 37 anos prepara-se para passar a integrar a lista dos cinco pilotos com mais corridas disputadas - leva 253, a apenas quatro de Riccardo Patrese, nome que antecede Fernando Alonso, com 274. O piloto espanhol é, aos 35 anos, um dos dinossauros na partida para a nova época, ele que se sagrou campeão em 2005 e 2006, logo antes de Räikkönen celebrar o seu título, em 2007.

Felipe Massa, que completa o pódio dos mais velhos, chegou a dar por terminada a sua carreira, mas aos 35 anos aceitou o desafio da Williams e vai, também ele, subir mais uns degraus na lista de pilotos com mais corridas disputadas - tem apenas menos uma do que Räikkönnen.

Curiosamente, o brasileiro é apenas um dos dois pilotos entre os seis mais velhos que nunca chegaram ao título de campeão, embora tenha sido 3.º em 2006 e vice-campeão em 2008. O outro é o francês Grosjean, de 30 anos, que entre 104 corridas nunca venceu nenhum Grande Prémio e tem como melhor classificação geral o 7.º posto obtido em 2013.

Os restantes nomes dispensam apresentações: Hamilton, 32 anos, e Vettel, de 29, responsáveis por sete dos últimos nove títulos mundiais - Jenson Button, que se retirou das pistas aos 36 anos, venceu em 2009, e Nico Rosberg, para surpresa geral, retirou-se como campeão aos 31 anos.

Uma era destinada aos jovens

A tendência confirma-se: sem títulos, é cada vez mais difícil para um piloto trintão aguentar-se no Grande Circo, uma vez que várias escuderias começaram a privilegiar a aposta em pilotos mais jovens. Um fenómeno testemunhado por Sébastien Buemi, piloto suíço que, aos 18 anos, estreou-se no papel de piloto de testes e reservas da Red Bull.

"As academias são algo que não existia desta forma antigamente. Os pilotos começam a ser preparados muito jovens, por isso é normal que estejam prontos mais cedo. Há condições que não existiam há anos, é natural. Em qualquer desporto tem havido mais tendência para os mais jovens chegarem ao topo mais rápido", diz ao DN o piloto suíço, que apesar de ter alinhado pela Toro Rosso na F1 não chegou a competir como piloto principal em nenhuma corrida.

O calendário para 2017 tem, de resto, como uma das grandes atrações a aposta em dois jovens prodígios. Lance Stroll, canadiano de apenas 18 anos, teve de esperar que atingisse a maioridade para que a Williams o apresentasse como piloto para a nova temporada, após ter feito formação na Academia da Ferrari.

Outro jovem talento, Max Verstappen, tem apenas 19 anos, mas já é apontado como um provável campeão para o futuro da modalidade: já fez 40 corridas na F1 e já soma sete pódios e uma vitória (no GP de Espanha). Michael Schumacher, por exemplo, só se estreou aos 22 anos, a mesma idade com que Lewis Hamilton correu pela primeira vez na F1.

"É um passo natural. Os pilotos estão preparados mais cedo. As equipas também querem construir o futuro, e ter um piloto mais jovem no seu seio dá-lhes garantias para mais tempo. Não significa que os mais velhos não sejam importantes, até porque todas querem o equilíbrio entre um piloto mais jovem e um mais experiente", sublinha Buemi, que considera que Hamilton "é o mais forte candidato para 2017", embora alerte desde já que "Max Verstappen pode intrometer-se nessa luta, juntamente com os colegas de ambos", nomeadamente Bottas (Mercedes) e Ricciardo (Red Bull). Ou seja, um assunto entre Mercedes e Red Bull.

Só para se ter uma noção da juventude que reina nesta temporada na Fórmula 1, além dos teenagers Stroll e Verstappen, atrás mencionados, há mais 13 pilotos que ainda não chegaram à casa dos 30 anos.