21 março 2017 às 00h02

Campeões europeus dominam prémios em dia de protesto do Benfica

CR7, Fernando Santos, seleção e Renato Sanches distinguidos. Encarnados criticaram Federação e exigiram respeito

Isaura Almeida

Os campeões do Euro 2016 dominaram ontem os prémios na Gala Quinas de Ouro, cerimónia organizada pela Federação Portuguesa de Futebol, com a ajuda da Associação Nacional de Treinadores e o Sindicato de Jogadores. O evento distinguiu os melhores do ano de 2016 no futebol, futebol de praia e futsal, sem esquecer o apoio dos portugueses - António Costa recebeu prémio entregue à Diáspora Portuguesa -, numa noite marcada pela ausência do Benfica e pelas críticas do clube da Luz à Federação Portuguesa de Futebol feitas em comunicado - há dois anos foi o FC Porto a criticar a FPF por ver esquecidos Pedroto e Pinto da Costa.

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Sem surpresa, Cristiano Ronaldo foi eleito o Jogador Português do Ano. O capitão da seleção nacional, campeã europeia em 2016, recebeu o prémio das mãos do selecionador Fernando Santos. "Quero agradecer aos meus companheiros do Real Madrid e da seleção, ao mister, a todo o staff e a todos os portugueses, que foram superimportantes na conquista do Europeu e fizeram-nos acreditar que as equipas que não são favoritas também podem ganhar", afirmou CR7, que bateu a concorrência de Rui Patrício e Pepe.

E se Ronaldo foi o melhor entre os jogadores, Fernando Santos foi o Treinador do Ano. O selecionador, que guiou Portugal a um inédito título no Euro 2016, bateu Rui Vitória, campeão nacional pelo Benfica, e Vítor Oliveira, que na época passada subiu o Desp. Chaves. "É uma honra, um orgulho receber este prémio das mãos do senhor primeiro-ministro", afirmou Fernando Santos, após receber o galardão entregue por António Costa.

O engenheiro fez questão de agradecer aos jogadores que participaram na campanha de qualificação e não puderam estar presentes na fase final devido a problemas físicos, casos de Danny, Fábio Coentrão e Bernardo Silva: "A eles, o meu muito obrigado por aquilo que contribuíram."

Renato Sanches foi eleito o Jogador Revelação do Ano, depois de se sagrar campeão da Europa e ganhar o título com o Benfica, batendo a concorrência de André Silva (FC Porto) e Gelson Martins (Sporting). "Quero agradecer aos meus colegas de seleção e ao departamento de futebol do Benfica, porque sem eles não teria sido possível. Este prémio é também fruto do meu trabalho e espero ganhar mais", afirmou o médio do Bayern Munique, um dos 23 jogadores da melhor equipa masculina do ano, a seleção nacional, que se sagrou campeã europeia em 2016 e deu a Portugal o maior troféus da história do futebol português.

Ronaldo, Pepe e Bruno Alves subiram ao palanque para receber a distinção. O capitão CR7 não se coibiu de visar os que "não acreditaram" no título: "Há pessoas aqui que não acreditavam em nós (...) Este prémio é a prova de que nem sempre ganham os melhores."

Os campeões europeus abandonaram a sala a meio da gala, para integrar a concentração da seleção, que hoje começa a preparação do jogo com a Hungria, de apuramento para o Mundial 2018.

As justificações do Benfica

O Benfica não enviou nenhum representante institucional à gala organizada pela Federação Portuguesa de Futebol em sinal de protesto por aquilo que considerou um "grave clima de coação, intimidação e declarações públicas ofensivas quase diárias" sem tomadas de posição da FPF.

"Entende o Benfica que não tem sido devidamente respeitado e não é aceitável a continuação deste clima de impunidade que resulta da ineficácia das principais instituições que gerem o futebol português [...] O Benfica não aceita este estado de total anarquia, de vale tudo em que se está a transformar o futebol português, tornando-se exigível que a lei seja cumprida de forma transparente e que exista uma justiça igual para todos", podia ler-se no comunicado.

O clube da Luz decidiu, por isso, ter chegado "o momento de publicamente demonstrar e expressar a sua indignação, justificando por esse motivo a ausência de representantes institucionais do clube no evento".

As águias lembram que "existem factos que resultam de ameaças, insinuações e insultos públicos que só foram objeto de abertura de processos após as competentes participações disciplinares efetuadas pelo Benfica" e justificam que, por se tratar de "factos comprovados e preocupantes que fazem lembrar um regresso a um passado de triste memória", exigem que "a Federação Portuguesa de Futebol e a Liga Portuguesa de Futebol Profissional assumam de uma forma clara e transparente as suas obrigações".