03 maio 2009 às 03h48

Académico de Felgueiras, o 'herdeiro' que emergiu da crise

Afirmação. O interesse pelo futebol voltou a renascer em Felgueiras com o singrar do Académico, clube com apenas alguns anos de actividade, que supriu a extinção do FC Felgueiras, e que já movimenta centenas de jovens atletas, apontando agora para a sua equipa sénior o regresso às competições nacionais

JOSÉ PEDRO GOMES

A poucos dias de completar três anos de vida, o Clube Académico de Felgueiras [CAF], fundado em 8 Maio de 2006 como resposta à extinção do histórico Futebol Clube de Felgueiras, tem conseguido reavivar o interesse das gentes locais por uma modalidade, que na década de 90 levava à cidade duriense as grandes equipas portuguesas.

Apesar do seu curto palmarés, o Académico conta já com uma subida de divisão, logo no ano de estreia, estando na calha esta temporada uma nova promoção, desta feita à Divisão de Honra da Associação de Futebol do Porto, escalão que serve de antecâmara para a III divisão nacional, um patamar que os responsáveis do CAF querem atingir a curto prazo.

A equipa, formada quase exclusivamente por jogadores da terra, muitos deles oriundos da formação do extinto Futebol Clube de Felgueiras, sente o peso da responsabilidade de representar uma cidade com tradição no panorama futebolístico nacional.

Perante os adversários, o Académico é olhado como um dos "grandes" do campeonato, mesmo tendo apenas três anos de existência. "Notamos que há uma motivação extra das outras equipas quando nos defrontam. O historial do futebol em Felgueiras faz com que tenhamos um certo estatuto", reconheceu ao DN António Lima Pereira, treinador que assumiu a liderança técnica do CAF, ainda na época passada, conduzido este ano a equipa com apenas uma derrota nos 33 jogos realizados.

A herança histórica que o Académico de Felgueiras carrega é motivo de orgulho para os jogadores da equipa, mas é também reconhecido como factor de dificuldade acrescido em termos competitivos, tal como explicou ao DN, o capitão Jorge Ferreira.

"Somos a única equipa de uma cidade neste campeonato. Parece que contra nós a motivação dos adversários aumenta. Fazem sempre um esforço suplementar para nos vencer, o que nos obriga a trabalhar mais", disse o defesa-central, que apesar dos seus 23 anos ainda se recorda de ver "futebol de I divisão" em Felgueiras: "Lembro-me bem de ver estas bancadas cheias. Gostava que isso voltasse a acontecer."

"Somos um grupo muito jovem e temo-nos empenhado, com paixão, para colocar o clube ao mais alto nível. Acho que estamos a lançar boas bases", acrescenta, lembrando o trabalho que está a ser feito ao nível das camadas jovens.

A ideia do jogador é partilhada pelo seu treinador, António Lima Pereira, membro de uma família com tradição na modalidade, e com um passado de ligação ao futebol de Felgueiras, no qual alinhou como jogador e treinador, no anterior clube da cidade.

"Corri alguns riscos ao deixar o futebol a nível profissional para me envolver neste projecto. Mas não conseguia recusar ao desafio de voltar a despertar a paixão que esta terra tem pelo futebol e contribuir para formar jovens talentos, criando boas bases para no futuro podermos ambicionar outros voos", frisou o técnico.

E como melhor indicador de que os felgueirenses estão a regressar ao futebol, Lima Pereira partilhou o seu "barómetro": "No primeiro jogo que fiz como técnico olhei para as bancadas do nosso estádio e reparei que tínhamos apenas duas filas de pessoas, e quase todas familiares. Actualmente, e com os bons resultados, já noto que temos oito ou nove filas, completas, a apoiar-nos. É sinal que a população já tem carinho por este clube", conclui o responsável.