12 janeiro 2014 às 13h16

Cidades podem ser melhores para abelhas do que campo

A Catedral, a Ópera e até uma refinaria de petróleo em Viena converteram-se em lugares mais seguros para as abelhas do que as zonas rurais, onde os pesticidas e a decrescente diversidade de flores ameaçam estes insetos.

Lusa, texto publicado por Isaltina Padrão

"Ao contrário do que as pessoas pensam, os últimos estudos asseguram que o mel das cidades pode até ser melhor do que o do campo, porque aqui as abelhas polinizam plantas que não têm pesticidas", disse à agência Efe Félix Munk, presidente da organização de apicultores urbanos Stadt-Imker.

A associação trabalha há oito anos na preservação de um inseto cuja população decresceu de forma alarmante nos últimos anos.

"Há dez anos, quando se ia ao campo de carro, tinha-se de limpar o para-brisas de tantas abelhas que havia, agora poucas há, em 80% do território da Áustria não se encontram abelhas porque estão mortas", lamenta Munk.

O desaparecimento das abelhas produtoras de mel "não deixa de ser um problema comercial, mas em Viena há 200 espécies de abelhas selvagens a proteger", disse o responsável.

Em 2011, a Organização das Nações Unidas (ONU) publicou um relatório em que alertava para o desaparecimento de abelhas na Europa, Estados Unidos, Austrália, Japão, Ásia e o norte de África.

Segundo o documento, a morte do inseto devia-se ao ácaro varroa, uma praga que mata as abelhas, assim como à contaminação, às alterações climáticas e à agricultura industrial.

"O problema principal não é a varroa, que só afeta as abelhas de mel, mas sim a agricultura industrial", afirma Munk, acrescentando que o uso de pesticidas e a prática de monocultura "são muito mais perigosos do que a ação do parasita".

Por culpa da monocultura, as abelhas não encontram os diferentes tipos de pólen que necessitam para sobreviver.

Perante este problema, os telhados e jardins das grandes cidades podem ser uma boa alternativa para a sua sobrevivência, argumentam os apicultores urbanos.

Atualmente, 16 apicultores associados cuidam das 80 colmeias espalhadas por Viena, algumas colocadas em locais como os palácios de Schönbrunn e Belvedere, o parque de diversões de Prater, o museu de Ciências Naturais, a Catedral e a Ópera.

Mais do que a produção de mel, o objetivo destes ecologistas é fomentar a sobrevivência das abelhas silvestres, as mais ameaçadas.

Cada colónia de abelhas tem entre 80.000 e 100.000 abelhas no verão, que produzem entre 15 e 20 quilos de mel, cuja venda ajuda a financiar o projeto de conservação da Stadt-Imker, a par das doações de parceiros.

A Stadt-Imker estendeu recentemente a sua ação à Suíça e à Alemanha.

Em cidades como Berlim, Paris, Londres ou Melbourne há projetos semelhantes, fomentados pela necessidade de proteger os insetos, mas também pela moda dos alimentos ecológicos.